sexta-feira, 19 de abril de 2024

A Resposta

 Bom dia Pessoal.... ou seria boa tarde, ou ainda, boa noite... =)

E ai, como vocês estão? Muito tempo sem aparecer por aqui né?! Mas é por que não tenho tido muita inspiração para escrever. E também sem muito assunto e também, na correria sempre, enfim, um misto de coisas que acabaram não provendo este blog.



Mas agora estou aqui para escrever sobre o livro “A Resposta”, de Kathryn Stockett, livro que levei muitos meses para terminar de ler... Livro que vi o filme a muitos anos atrás e que achei simplesmente espetacular. 

Mas sabem como é, livros que tem filmes, filmes que tem livros, ficam marcados... e esse foi um livro muito difícil de ler... certo que a forma que foi escrito e a história em si, também influenciaram nessa morosidade. 

Mas vamos lá, o livro conta uma história passada na cidade de Jackson, lá pelos idos da década de 60, e tem como personagens principais, 3 mulheres: Minny, empregada doméstica, negra, cozinheira de mão cheia e conhecida por sua “boca grande”; Aibeleen, empregada doméstica, negra, conhecida como a negra que chora a morte do seu filho, porém, criou 17 crianças brancas como suas, muitas delas, a chamando de mãe inclusive, normalmente saindo de cada casa quando a criança já está em idade escolar; e Eugenia Skeeter Phelan, mulher branca, recém formada na faculdade de jornalismo e ansiosa por se tornar escritora. 

O nome do livro é A Resposta, e me parece que a resposta é ao tratamento que os negros em termos gerais, recebiam dos brancos pelos seus serviços prestados. O nome do filme baseado no livro é Histórias Cruzadas, uma referência ao “cruzamento” entre as histórias dos brancos e dos negros envolvidos na trama. 

É um livro marcante, de história forte em que a realidade sobre o tratamento que os brancos davam aos seus empregados negros, é retratada de forma a doer na alma em cada página lida.  

Ele se inicia com a descrição do dia a dia das empregadas domésticas e também, das famílias brancas da cidade de Jackson... Em paralelo, conta um pouco sobre a vida das nossas protagonistas... neste momento é importante falar de Skeeter, que volta para sua cidade natal com a ambição de ser escritora, porém, tem que se contentar com um emprego escrevendo para uma coluna de cuidados domésticos, coisa da qual ela não sabe absolutamente nada. 

Neste contexto é que ela recorre à Aibileen, pois ela é a empregada que Skeeter conhece que tem mais experiência nos cuidados da casa e ali começa uma amizade, entre uma dica para tirar mancha de café e outra, nasce algo que teria a grandeza que elas nem imaginavam naquele primeiro momento. Em suas conversas o grande problema racial vivido em sua pequena cidade fica cada vez mais evidente, e isso a incomoda muito. 

Ainda em busca de ser escritora, Skeeter envia seus escritos para uma grande editora que acha seu texto morno, e essa editora,” planta uma pulga atrás da orelha” de Skeeter, questionando o por que escrever sobre coisas que está na cara que ela não gosta, que é apenas para agradar a maioria. Ela é questionada do por que não escrever sobre o que a incomoda, sobre o que a “aflige”.... e disso nasce uma ideia muito, mas muito ousada mesmo. Neste viés, é importante comentar que Skeeter sempre teve uma relação de afeto muito forte com a empregada que a criou, Constantine, porém, essa foi embora sem nem se despedir, o que sempre gerou incômodo em Skeeter e sempre ao questionar seus pais sobre a situação, recebia respostas evasivas. 

Agora voltando pro foco: Então, tudo ganha forma quando ela se junta à Aibeleen, primeiramente para questionar sobre o que havia acontecido com Constantine e depois para colocar forma em sua ideia: escrever sobre a vida das empregadas domésticas, uma história sobre suas histórias.. sobre o relacionamento com suas patroas brancas. Mesmo já tendo uma relação com “Dona Skeeter”, Aibileen acha aquilo uma loucura, mas depois de muito refletir, aceita o desafio. E depois de um pouco de insistência, sua querida amiga Minny, se junta a elas. 

Levam muitos meses para conseguir a confiança de outras empregadas que estejam dispostas a contar suas histórias. Algumas muito boas, de um bom relacionamento, de reciprocidade, de respeito, e podemos dizer até, de amor. Mas a maioria das histórias é de ações abusivas, de humilhações, de agressões físicas e psicológicas, onde as empregadas não podem nem utilizar o mesmo banheiro que os brancos pois estes acham que aqueles podem transmitir doenças. Era uma época de grande segregação racial, e de uma tentativa de se falar em direitos civis nas cidades maiores. 

Devido a este histórico momento de manifestações a favor dos direitos civis, onde os negros começam a ter um pouco de vez e voz, Skeeter acha que seu livro pode ser positivo nesta luta. E assim, várias noites por semana Dona Skeeter vai à casa de Aibileen, sorrateiramente, para ouvir os depoimentos daquelas empregadas domésticas. E passa horas e mais horas datilografando cada relato, adequando as informações, e seu livro vai tomando forma. E cada vez mais, fica claro o antagonismo que cerca a relação das empregadas negras com suas patroas brancas... muitas das empregadas até são convidadas aos casamentos daquelas crianças que ajudaram a criar, porém, só podem comparecer usando seus uniformes, mostrando que existe “uma hierarquia”, que ainda é muito forte essa segregação. 

No decorrer do livro, descreve-se a dificuldade que assombra Skeeter, seu relacionamento com suas “amigas” brancas, que se incomodam por ela ser uma mulher mais independente, com pensamentos próprios, que não aceita tudo de cabeça baixa. E uma de suas “amigas”, Hilly, se incomoda mais, deixando evidente que não gosta nada do rumo que o comportamento de Skeeter está levando. Que ela “envergonha” as mulheres da sociedade de Jackson, porém, depois de muita luta, algumas até literais, Skeeter, Aibileen e Minny finalizam o livro que é enviado para a editora em Nova York, porém, sem grandes expectativas de publicação... o que é uma surpresa quando o livro começa a vender como água e precisa de novas tiragens.


Finalmente suas vozes são ouvidas, as histórias daquelas empregadas são reconhecidas e seus direitos passam a valer um pouco mais... sabemos que até hoje existe segregação, existe racismo, preconceito, velado, estúpido, desnecessário, mas ele esta ai, em cada brincadeirinha sem graça, em cada comentário que seria inocente, mas é regado de maldade.... Anos 60, ano de 2024, me parece que no âmago da situação, não mudou muita coisa, só se encontra disfarçada de empatia e respeito, sqn. 

Mas e ai, já leram este livro? Viram o filme? Vamos conversar?


Bjo bjo