Todas as noites, após o jornal,
acabamos assistindo algo na Netflix, normalmente, desenhos e filmes infantis
por causa da Maria... mas esses dias, como ela já estava dormindo, sugeri algo
diferente ao querido esposo... e já de cara a Netflix nos ofereceu Viver Duas
Vezes... ao ler o resumo e ver a sinopse, me pareceu interessante, então,
resolvemos assistir.
O título original é Vivir Dos
Veces, filme espanhol, produzido e dirigido por Maria Ripoll em 2019 e lançado
na primeira semana de 2020.
Ele conta a história de Emilio,
um professor universitário de matemática, aposentado, que para sua
infelicidade, é diagnosticado com Alzheimer.
Imaginem o desgosto de um
professor que descobriu um número primo, seu maior feito, começar a esquecer o
que tanto amou e se dedicou uma vida toda.
Ao se ver passando por esta
situação, não reconhecendo onde estava, não conseguindo voltar para casa, tentando
pagar uma conta duas vezes, passou a recordar toda a sua vida, e o coração bateu mais forte com as lembranças
da infância, do seu primeiro amor.
Como sabia que iria esquecer seu
primeiro amor, Margarita, ele resolve buscá-la, reencontrá-la uma última vez.
Para isto, ele faz a mala e entra
em seu carro (bem velho) e é abordado por sua neta, Blanca, que por estar em
conflito com o pai, não quer ir para casa e resolver embarcar com o avô nesta
empreitada.
Eles não conseguem ir muito longe
até serem “denunciados” para Julia, filha de Emilio, mãe de Blanca.
Como existe uma questão (que até
certo ponto podemos dizer mal trabalhada no filme) entre Julia e seu esposo,
ela resolve largar tudo e correr atrás do desejo do pai, encontrar Margarita,
apenas sabendo que ela foi professora em Granada e mais nada.
Chegando lá, descobrem que ela
não mora mais no endereço que conseguiram e então, voltam para Valenza
frustrados.
Vida que segue, Emilio se muda
para a casa da filha e sua netinha, usando a internet e seus contatos, acaba
conseguindo o verdadeiro endereço de Margarita, que pasmem, é em Valenza
mesmo... assim, eles vão ao encontro do grande amor da infância daquele homem.
Ao chegar na casa, Emilio
identifica como aquela em que passava seus verões durante a infância e com
isso, muitas e muitas memórias voltam a sua cabeça, são lembranças que chegam a
doer, ele entra na casa, vai até os fundos e lá encontra ela, Margarita,
sentada em uma cadeira, contemplando a paisagem. Ele senta, se apresenta e ela
o olha atentamente, mas existe algo “errado”.... Seu primeiro amor tem demência
em estado avançado, ou seja, não está lúcida... mas fica claro que ela o
reconhece, quando lhe entrega um bordado inacabado, parecendo o símbolo do
infinito e que remete aos tempos em que se conheceram.
E assim, ele vai embora e
continua sua vida... até que o estado avançado da doença o leva para uma casa
de acolhimento e lá, para sua surpresa, ele reencontra aquela que fazia o seu
coração bater mais forte e aceita aquele convite para ir à praia... aquele
convite feito a mais de 50 anos e que ele nunca esqueceu.
...
...
...
Oscar Martínez é quem interpreta
Emilio... sem dúvidas o melhor do filme, pois suas expressões (principalmente
quando os sistemas da doença começam a se acentuar), seu humor ácido, sua
inteligência, prendem a atenção e emocionam.
Mafalda Carbonell, a neta
“rebelde” que só quer saber de ficar no celular também, é ótima, pois no
desenrolar do filme, vai se envolvendo verdadeiramente com aquele vô que, até
então, ela queria manter distância... em diversas cenas, o envolvimento de
ambos é são simétrico, que fica evidente a cumplicidade que existe naquela
relação, cumplicidade que nasceu e cresceu no decorrer da história.
Enfim, chega de bla bla bla...
assistam e depois me contem... terminei o filme chorando litros, pois Alzheimer
é uma doença muito triste, pois nos leva do que de mais valioso tempos, nossas
memórias, nossas lembranças... e um amor da infância é sempre emocionante
também...
E vocês, gostam deste tipo de
história? Vamos conversar?
Bjo Bjo