Este texto é um desabafo, nem
sempre é fácil ser empregado de uma empresa de economia mista, viver com certas
burocracias e interesses próprios. É muito frustrante pra quem deseja crescer,
mas não deseja que este crescimento seja porque é amigo ou parente de alguém e
sim por mérito e esforço próprio.
Mas primeiro vou contextualizar a
história, sim, história, pois ela é bem real.
Fiz o concurso para entrar na
companhia em 2004, e o fiz, confesso, por muita insistência de um familiar que
trabalha lá. Na época eu era universitária, estava cursando Secretariado
Executivo Trilíngue ainda e não poderia tentar o concurso para nível superior,
pois faltava um tempo para me formar, então, fiz para nível médio. Não lembro
das questões da prova, mas lembro muito bem que não estudei e fui realmente por
insistência da família. Concurso público, estabilidade, sabe como é. O fato é
que passei, em uma colocação bem abaixo do que os aprovados gostam, mas passei.
Porém, o edital dizia que era apenas uma vaga disponível, então nem me
preocupei e tirei o tal concurso da cabeça. Passaram-se 2 anos, eu estava
levando a minha vida, empregada numa empresa que me pagava razoavelmente bem e
desempenhando atividades da minha formação (nesta época eu já estava formada),
e eis que chega em minha casa um telegrama dizendo para eu me apresentar para
exames de admissão. Ai que dúvida: vou ou não? Vale a pena sair de onde estou?
Mais uma vez por insistência familiar, fui até lá, peguei aquela lista interminável
de exames a serem feitos e documentação à providenciar e vamos mudar de
emprego.
No início tudo é lindo, uma
grande empresa, um serviço essencial à vida de toda população. Ok, eu amo o que
faço apesar de todas as dificuldades, pois percalços no caminho profissional,
todo mundo tem, não existe um emprego que seja 100% perfeito, seja ele em
empresa pública, privada ou de economia mista.
A questão é que depois de 7 anos
trabalhando, a gente deseja crescer, na verdade eu já desejava crescer antes,
mas como fazer isso? Só através de concurso novamente, concorrendo com todas as
pessoas de todo o Brasil que tem o mesmo interesse. Até ai tudo bem, estuda-se
e corre atrás, porém, desde 2004 não se abre mais concurso para a minha área. E
como já disse anteriormente, eu não pude fazer para Secretária Executiva
naquela época pois não era formada ainda. E àquela época, o então governador, “eliminou”
tal cargo e nunca mais ocorreram concursos para a minha formação nesta empresa.
Apenas para os demais cursos da escola de negócios como é conhecido hoje em dia
o grupo de cursos encabeçado por Administração de Empresas e Ciências
Contábeis, entre vários outros cursos.
Pois bem, é extremamente
frustrante você querer, por exemplo, participar de um curso ou evento e te
dizerem que você não pode pois é empregada de nível médio. Só os empregados que
são chamados profissionais, pois entraram como nível superior, é que tem boas
oportunidades. Ou seja, se você é nível médio, por mais que já tenha formação
superior e inclusive duas especializações (como é o meu caso), de nada adianta,
pois a burocracia te impede de ampliar conhecimentos. Se quiser ir, pode ir, é
só pagar do seu bolso, claro. Já ouvi isso tantas vezes, sempre me revolto, mas
hoje foi a mais difícil, pelo jeito como foi dito, pelo desprezo da situação e
por quem o disse, pessoa que eu sempre procurei ajudar e tinha o maior respeito
e estima.
A solução?! Ir em busca de uma
nova colocação, em outra empresa que oferte concursos na minha área, ou ainda,
fazer outro curso superior que me proporcione a oportunidade de fazer um novo
concurso onde estou agora. A questão é que as coisas tem que mudar e,
inevitavelmente, esta mudança vai ter que partir de mim. Se estou preparada? Se
terei coragem de sair do comodismo? Não sei, mas acho que está na hora de
correr atrás destas respostas.
É isso, fica aqui o desabafo de
alguém que já foi, paralelamente a função de nível médio em que atuo,
coordenadora e professora de um curso de nível superior que, apesar de todas as
dificuldades, era valorizada verbalmente, financeiramente e, o que eu considero
mais importante, amada pela maioria dos meus alunos até hoje. Pena que foi
apenas um ciclo da minha vida e que o mesmo se encerrou por motivos que não cabem
dizer aqui. Isso é papo para outra oportunidade... =)
Mas e ai, gostou do texto?
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