sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cegos Guiando Cegos

Não posso deixar de compartilhar com todos este email que recebi.
É um texto longo, mas que merece nossa atenção e divulgação.
"CEGOS GUIANDO CEGOS”

A prudência nos ensina que na maioria das vezes é melhor calar do que falar, entretanto, motivado por dois fatos recentes, meu espírito anda inquieto, exigindo-me uma conduta que supere a inércia que muitas vezes nos protege, mas que, ao mesmo tempo, nos condena em consciência pela omissão.

O primeiro fato diz respeito ao grave acidente de trânsito que vitimou três jovens, dois condenados à morte e um terceiro condenado à vida, sabe-se lá em que circunstâncias.

O segundo fato ocorreu quando recentemente, ao buscar meu filho na saída de uma festa de aniversário de 15 anos, percebi que alguns de seus colegas estavam embriagados. Meu filho tem 14 anos, e seus colegas, também (Graças a Deus ele não bebe).

Não pretendo ser raso e comentar o acidente em si, até porque muitas pessoas e a própria imprensa já se ocuparam dessa missão, promovendo as mais diversas opiniões. Algumas abalizadas, e outras, infelizmente, nem tanto, mas invariavelmente quase todas manipulando para cá e acolá a opinião pública.

Quanto ao acidente, além de lamentar o ocorrido, somente me resta pedir a Deus que conforte os corações dos pais e mães das três famílias envolvidas, esperando que a justiça dos homens seja feita à semelhança da Divina, entretanto, preocupa-me a forma superficial como este fato vem sendo tratado, inclusive pela imprensa, onde a opinião pública está toda voltada para o deslinde do caso em si e na necessidade de exemplar punição ao infrator, com vozes clamando pela condenação deste ou daquele, e algumas delas até de forma absurdamente “taleônica”, jogando para debaixo do tapete a real discussão que deve ser travada entre pais e filhos, mães e filhos, entre amigos, na sociedade em geral, a partir de tão lamentável acidente.

E para tanto, não posso deixar de “fazer um link” com o segundo fato, onde numa festa de aniversário de 15 anos, alguns dos colegas do meu filho, todos na faixa de 14 anos de idade, apresentavam-se alcoolizados.

Preocupa-me o fato de pessoas promoverem festas e franquearem o consumo de bebidas alcoólicas e energéticos para adolescentes de 14 ou 15 anos como se isso fosse permitido, preocupa-me a omissão do Poder Público através de seus diversos órgãos de proteção ao menor para com tais fatos, mas preocupa-me muito mais a permissividade dos pais para com o comportamento de seus filhos sejam eles crianças ou adolescentes, que se esquivam do dever moral e legal de educa-los, dando-lhes princípios, impondo-lhes limites, para que pelo menos se tornem no futuro pais melhores do que os seus omissos pais estão sendo atualmente.

Que tipo de adultos se tornarão estes adolescentes que já aos 14 anos se embriagam? Que tipo de comportamento poderá ser deles exigido no futuro?

Talvez os pais dos meninos e meninas que estão embriagando-se já na adolescência, estejam hoje cerrando fileiras no clamor pela justiça que deva ser aplicada no caso do acidente, exigindo a condenando deste ou daquele, infelizmente sem olhar para a própria paternidade que lhes foi confiada por Deus, para perceber que o fatídico acidente, hoje na mídia por força de seus protagonistas, é apenas mais um na triste estatística dos delitos de trânsito que diariamente ceifam vidas prematuramente.

Daí porque esta singela reflexão não poderia ter outro título, senão aquele tirado do versículo 14, do capítulo 15, do Evangelho de São Mateus: “Cegos guiando cegos”.

De fato, a cegueira tomou conta da paternidade atual, onde os pais não mais estão educando seus filhos, transmitindo-lhes princípios, valores morais e éticos, e, principalmente, impondo-lhes limites.

Lembro-me de certa vez que em conversa com a mãe de um aluno, esta me relatou “não poder mais com as atitudes do filho”, e que do jeito que as coisas iam não lhe restaria outra alternativa, “senão a de tirar-lhe o carro”. Detalhe: o filho a que ela estava se referindo tinha 16 anos.
Diante de tal afirmação daquela tão “preocupada” mãe, somente pude pensar que quem precisava de um corretivo não era seu filho, e sim ela, por falhar no sagrado dever de educar, de impor limites, deixando como muitos pais que conheço para as escolas tão árdua tarefa, da qual os heróicos professores deveriam ser somente coadjuvantes desses mesmos pais.

Ainda do mesmo Evangelho de São Mateus, há uma passagem em que o evangelista retrata um diálogo duríssimo, mas necessário, de Jesus com os Fariseus. O diálogo está inserido no capítulo 23, que poderá ser rememorado pelo leitor oportunamente e do qual relembro apenas o versículo 24: “Guias cegos! Filtrais o mosquito, mas engolis o camelo”.

Quando vejo vozes de muitos pais se levantando para pedir justiça (e é correto que o façam) em acontecimentos como esse lamentável acidente, somando-se às vozes daqueles pais cujos filhos perderam a vida, espera-se que o façam a partir do olhar de suas próprias vidas, olhando de dentro e para dentro de suas próprias casas, VENDO primeiro se estão cumprindo a contento a missão da paternidade que lhes foi divinamente confiada, JULGANDO se esta missão, à luz dos preceitos evangélicos, vem sendo cumprida a contento, e AGINDO na transformação de suas realidades, caso a missão necessite de uma correção de rota.

Se o pedido de justiça é feito apenas no clamor da comoção, no “embalo da revolta alimentada por opiniões ou pela mídia”, sem antes passar por uma detida análise de nossa responsabilidade como pais, creio que estejamos realmente cegos.

Preocupamo-nos com o acidente em si e suas conseqüências, e deixamos passar ao largo a oportunidade de discutir com nossos filhos e filhas, com nossos amigos e com os amigos de nossos filhos, com nossos professores, com as autoridades constituídas, sobre a necessidade de agirmos não somente pedindo justiça nesse caso concreto, a qual certamente ocorrerá a seu tempo, mas principalmente sobre agirmos de modo a intervir na formação de nossas crianças e adolescentes, atraindo a atenção destes para princípios e valores que devem nortear nossa vida em sociedade, exigindo e “cobrando” deles a vivência de tais princípios e valores desde a mais tenra idade e corrigindo seus desvios, redescobrindo com eles o “senso de coletivo”, perdido por nós num meio social que infelizmente tende ao individualismo.

Do contrário, meu paciente leitor, se como pais ou mães, filhos ou filhas nos mantivermos inertes, se alienadamente não agirmos com decisão para resgatarmos o real sentido da vida a nossas crianças e adolescentes, o futuro não nos brindará com dias melhores.

Cuidado para não engasgar com o camelo.

Em Guarapuava, 17. 05.2009.

RENATO PENTEADO

Um comentário:

  1. É lindinha, minha vida de mãe agora me deixa de cabelos em pé com historias e situações assim... Quando eu vejo os aborrecentes da escola do gui com seus comentários e programinhas.... E pensar que na idade deles meus programinhas eram ir pra vizinha brincar de barbie!!!! Que Deus proteja nossos pequenos e que a gente consiga educa-los com valores de verdade... Bjinhos amiga que eu mais amo!!!

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