domingo, 17 de novembro de 2013

Assédio Moral


    Tendo em vista alguns acontecimentos recentes, decidi fazer um texto sobre assédio moral, algo tão comum no ambiente profissional hoje em dia e também uma questão difícil, pois em casos judiciais, é complicado provar.

    Estou usando como base para o texto, o seguinte livro: Assédio Moral – a violência perversa no cotidiano, de Marie-France Hirigoyen (2006). Então, todos os conceitos serão baseados nesta autora.
    Peguei como base o capítulo 2, que fala sobre o assédio na empresa.

    Então vamos lá...


   Por assédio em um local de trabalho, temos que entender toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho.

      Mesmo sendo o assédio no trabalho algo tão antigo quanto o próprio trabalho, apenas no começo desta década é que foi identificado como um fenômeno realmente destruidor deste ambiente, sendo responsável pela diminuição da produtividade, além do aumento do absenteísmo, devido aos desgastes psicológicos que provoca.

     Em seu cerne, o assédio nasce como algo inofensivo, propagando-se insidiosamente. Num primeiro momento, as pessoas que estão envolvidas no caso de assédio, não querem se mostrar ofendidas e acabam levando na brincadeira desavenças e maus-tratos. Com o tempo, estes ataques vão se multiplicando e o assediado é seguidamente acuado, posto em situação de inferioridade, submetido a manobras hostis e degradantes durante um período maior.

      Frequentemente, o assediado não é aquele que possui qualquer tipo de patologia ou é considerado frágil, mas sim, aquele que reage ao autoritarismo de um chefe, ou se recusa  deixar-se subjugar. É sua capacidade de resistir à autoridade, apesar das pressões, que a leva a se tornar um alvo.

      Quando o processo de assédio se estabelece, a vítima é estigmatizada: dizem que é de difícil convivência, que tem mau caráter, ou então que é louca. É atribuído a sua personalidade, algo que é consequência do conflito e esquece-se o que ela era antes, ou o que ela é em um outro contexto. Uma pessoa que é acuada desta forma, não consegue manter o seu potencial no máximo, acaba por ficar desatenta, diminui sua eficiência e torna-se alguém mais suscetível às críticas sobre a qualidade e seu trabalho. Torna-se, então, fácil afastá-la por incompetência profissional ou erro.

       Quando questiona-se quem agride quem, existem algumas situações como: um colega que agride outro colega, um superior que é agredido por seus subordinados e um subordinado que é agredido por seu superior.  Neste texto, vou me focar num subordinado que é agredido por seu superior.

        Esta situação é demasiado frequente no contexto atual, em que se busca fazer crer aos assalariados que eles têm que estar dispostos a aceitar tudo se quiserem manter seus empregos. A empresa deixa um indivíduo dirigir seus subordinados de maneira tirânica ou perversa, ou porque isso lhe convém, ou porque não lhe parece ter a menor importância. As consequências são muito pesadas para o subordinado.

       Pode ser simplesmente um caso de abuso de poder: um superior se prevalece de sua posição hierárquica de maneira desmedida e persegue seus subordinados por medo de perder o controle. É o caso do poder dos pequenos chefes.

        Pode ser também uma manobra perversa de um indivíduo que, para engrandecer-se, sente necessidade de rebaixar os demais; ou que tem necessidade, para existir, de destruir um determinado indivíduo escolhido como bode expiatório.

      Alguns superiores tratam seus subordinados como crianças, outros os consideram como “coisas” suas, que podem ser utilizadas a seu bel prazer. Quando se trata de uma pessoa que trabalha com criação, por exemplo, ou com situações de necessitem de iniciativa, pró-atividade, inovação, o superior extingue no seu subordinado, tudo que ele poderia ter de inovador, toda sua iniciativa. No entanto, se o empregado é útil ou indispensável, para que ele não vá embora, é necessário paralisá-lo, impedi-lo de pensar, de sentir-se capaz de trabalhar em outro lugar. É preciso levá-lo a crer que não vale mais que sua posição na empresa. Se ele se torna resistente a esta situação, é isolado. Não lhe dão nem bom dia, ele é ignorado quando dá alguma sugestão, recusa-se-lhe todo e qualquer contato. Na sequência começam as observações ferinas e desabonadoras e, se isto não basta, aparece a violência.

       Quando a vítima reage e tenta rebelar-se, a maldade latente dá uma a hostilidade declarada. Tem início, ai, a fase de destruição moral, que já foi denominada de psicoterror. Neste momento são permitidos todos os meios para demolir a pessoa visada, inclusive violência física, o que pode levar a um aniquilamento psíquico ou ao suicídio. Nesta forma de violência, o interesse da empresa some da vista do agressor, que quer unicamente a derrota de sua vítima.

      A autora diz que dar queixa é o único meio de acabar com este psicoterror. Porém, neste caso, é preciso muita coragem pois, via de regra, esta queixa gera uma ruptura definitiva com a empresa. É normalmente quando se chega a uma situação-limite que a denúncia é feita. A questão é que, mesmo sendo feita tal denúncia, nem sempre existe a certeza de que esta será acolhida, nem que o processo desencadeado venha a ter um resultado positivo.

     Bom, acho que por hora, é isso... se deixar, posso escrever muito mais, mas acho que para se ter uma ideia de como a coisa funciona, já está de bom tamanho.
      
Você é vítima de assédio? Conhece alguém que seja? Comente!!!!



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oieee... deixe um comentário e faça uma Mel feliz! =]