E hoje, véspera de Natal, entre
tantas coisas à fazer, arrumei um tempinho e terminei de ler este livro tão
lindo... Dewey, um gato entre livros. Livro este de uma história real, escrito
por Vicki Myron com Bret Witter, a dona de Dewey.
Um livro inspirador e que nos
mostra o quanto um bichinho pode mudar a vida de uma pessoa, e neste caso, de
uma cidade inteira.
Dewey entrou na vida de Vicki e
da biblioteca de Spencer de uma forma totalmente inusitada, e também, mudou
suas vidas para sempre. Não tenho palavras para descrever o quanto a história
me tocou, o quanto senti e me identifiquei. Amo gatos de paixão, já tive vários
no decorrer da vida, hoje tenho uma cachorrinha que é parte da família e os
sentimentos descritos no livro são semelhantes.
Dewey se tornou o centro das
atenções daquela biblioteca e no decorrer da sua vida, tornou-se conhecido em
todo o mundo, e muito mais que
conhecido, se tornou querido, amado. Ele tinha todas as características e
comportamentos bem clássicos dos gatos, porém, tinha o dom de cativar as
pessoas, desde as crianças pequenas até os idosos. Ele sabia quem não estava
bem e precisava mais da sua atenção naquele determinado dia, ele sabia quando
devia manter a distância, ele sabia em quais colos se aninhar para uma boa
soneca.
As últimas palavras deste livro
descrevem muito bem os sentimentos que Dewey
e os animais em geral despertam nas pessoas:
“Um ano depois da morte de Dewey, minha saúde finalmente me pegou. Eu sabia
que era a hora de seguir em frente com a minha vida. A biblioteca estava
diferente sem Dew e eu não queria terminar meus dias daquele jeito: vazia,
silenciosa, ocasionalmente solitária. Quando eu via passar o carrinho com os
livros, aquele em que Dew gostava de passear, meu coração partia. Sentia tanta
falta dele, e não apenas de vez em quando na biblioteca, mas todos os dias. Mais
de cento e vinte e cinco pessoas compareceram à minha festa de aposentadoria,
inclusive muita gente de fora da cidade com quem eu não falava há anos. Papai leu
um de seus poemas; meus netos sentaram a meu lado para cumprimentar os
presentes; foram publicados dois artigos no Spencer Daily Reporter
agradecendo-me pelos vinte e cinco anos de serviço. Do mesmo jeito que Dewey,
eu tinha sorte. Consegui sair da minha própria maneira.
Encontre seu lugar. Seja feliz com o que tem. Trate bem todo mundo. Viva
uma boa vida. Não estou falando de coisas materiais – estou falando de amor. E não
dá para prever o amor.
Aprendi essas coisas com Dewey, é claro, mas, como sempre, tais
respostas parecem fáceis demais. Todas as respostas – com exceção de que amei
Dewey com todo o coração e ele me amou da mesma forma – parecem fáceis demais. Porém
vou tentar.
Quando eu estava com três anos, papai tinha um trator John Deer. Aquela
máquina tinha uma roçadeira na frente, uma longa fileira de lâminas que
pareciam pás, seis de cada lado. As pás ficavam erguidas alguns centímetros acima
da terra e era preciso empurrar a alavanca para frente para colocá-las no chão.
Então elas cortavam o solo, jogando terra fresca nos canteiros de milho. Um dia,
eu estava brincando na lama em frente à roda daquele trator, quando o irmão de
mamãe saiu, depois do almoço, engatou a marcha e começou a dirigir a máquina. Papai
viu o que estava acontecendo e começou a correr. Meu tio não escutava os gritos
dele. A roda me jogou no chão e me empurrou para as lâminas. Fui empurrada por
elas, passei de uma à outra, até que o irmão de mamãe girou a roda e a lâmina
de dentro me jogou pela calha do meio e me deixou de cara para o chão atrás do
trator. Papai me pegou, num só movimento, e correu comigo de volta para a
varanda. Ele me examinou com assombro e me manteve no colo o resto do dia,
balançando-me para frente e para trás em nossa velha cadeira de balanço,
chorando em meu ombro e me dizendo: ‘Você está bem, você está bem, você está
bem...’.
Por fim, olhei para ele e disse: ‘Cortei o dedo’. Mostrei o sangue. Eu estava
machucada, mas, fora isso, aquele corte
minúsculo foi minha única marca.
A vida é assim. Todos de vez em quando passamos pelas lâminas do
trator. Todos ficamos machucados e nos cortamos. Algumas vezes, as lâminas
cortam fundo. Os que têm sorte saem com alguns arranhões, um pouco de sangue,
contudo isso não é o mais importante. O que realmente importa é ter alguém para
pegá-lo, abraçá-lo apertado e dizer que está tudo bem.
Durante anos, achei que tinha feito isso com Dewey. Achei que essa era
a história que eu tinha de contar. E fiz isso. Quando Dewey estava machucado,
com frio e chorando, eu estava lá. Segurei-o. certifiquei-me de que estava tudo
bem.
Mas essa é apenas uma lasca da verdade. Na realidade, por todos aqueles
anos, nos dias difíceis, nos dias bons, e durante todos os dias não lembrados
que compõem as páginas do verdadeiro livro de nossas vidas, Dewey estava me
segurando.
E ele continua me segurando. Desse modo, obrigada, Dewey. Obrigada.
Seja lá onde você estiver” (p. 264-266).
Que todos possam ter um Dewey em
suas vidas!
Feliz Natal...
Bjo bjo
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